Thursday, November 20, 2014

Sincera'mente

Talvez queira procrastinar a paz que não tenho, sinto aquele velho nó no peito, que insiste em propagar a vontade de me jogar no mundo. Mas vou insistir em falar sem parar como sempre fiz. Com uma bola de fogo na garganta que me queima por dentro, me faz arder os pensamentos, o coração, minhas mãos e minha boca.
Não... tento dizer que não tem jeito, acumulo tudo em pensamento, ai fica difícil... digo sim, pois preciso cuspir essa bola de palavreados envoltas com fogo, que me ferem e ao mesmo tempo mostram a mais pueril verdade. A verdade dói, e as palavras por vezes machucam, são cuspidas para o lado, são jogadas sem medo, me assemelhando a um dragão. Se fizesse de propósito; sinceramente juro que tento segurar ao máximo minhas frases e palavras plenas de sentimentos maximizados, mas elas me queimam inteiro por dentro, e preciso jogá-las para fora, e invariavelmente me fere como a ti e aos outros. A sensibilidade me toca, e me ataca como se chamasse para briga, me mostrasse o seu elo mais fraco e mais forte a ponto de me deixar sem norte, perdido, mas fustigado sinto que me encontro cada vez que o obscuro me seduz, e a luz que me conduz me mostra o quanto sinto cada vez mais cada parte de todo momento.

Posso ser o dragão, bicho mitológico, feroz por natureza, sem intenção de machucar porém incumbido de fazê-lo. Mais como uma proteção, mas meu fogo arde e queima, e já se tornou comum ferir(me). Meus defeitos me fazem inteiro, autêntico, pleno, e ao mesmo tempo me destrói. Sou bicho arisco, toque com cuidado, não posso ser domesticado, selvagem, nascido para aventura.
Não acordo cedo, durmo tarde e tenho em mim todos sonhos do mundo. Espere tudo e ao mesmo nada, tenho o desastroso defeito de demorar a analisar o que sinto. Penso, repenso, toco, viro, abro, especulo por dias para resumir se gosto ou não. Sou assim, escolho com cuidado como se estivesse tudo a ponto de acabar então não me peça para apressar o tempo, mas no meu conceito acelerado de pensar quero apenas me deixar ir, me deixar levar, deixar ser como deve ser.

Ao mesmo tempo, tenho a maior calma do mundo, porém não me intimide errando várias vezes no mesmo ponto - finjo que não, mas sofro calado e acumulo tudo por dentro. Tenho medo de acumular minhas fraquezas e jogá-las em você, então apenas confie em mim para me recuperar e me acalmar no jeito que eu sempre quis. Me coloco no lugar do outrém, facilmente, pacientemente, empaticamente me sinto parte do que me atrai, até o que me distrai me convém a ser mesmo que inexista perante aos olhos, pode ser bem mais interessante dentro da minha cabeça.
Decodifico expressões, mãos e olhos e muitas vezes dou suposições ciumentas e erradas, te julgo mal por pensamentos que me enlouquecem. Meu ciúme pula na cabeça e amarra minhas mãos, me deixa bravo e inquieto. Cuspo palavras, firo, e me arrependo em seguida. Perdôo facilmente, mas não pense que esquecerei. Então acabo reciclando tudo, aproveitando e aprendendo com meus erros que me ensinam que há tempo para tudo, até para as coisas que não entendo que depois de um tempo, tudo se esclarece.

Tenho um coração gigante, aonde a energia que circula é amor e luz, mas que não se entra tão fácil. Tenho receio da entrega, do presente, mas se você persistir, conhecerá o meu eu mais íntimo. Cuidado aonde toca, não quebre nada, nenhum elo ou confiança, entre com sutileza. Tenho receio do que desconheço, mas a partir do momento em que te deixo abrir o portão, girar a maçaneta da porta, me entrego de corpo, alma e coração. Agüente firme, no começo parecerá uma enxurrada de sentimentos, coisas bonitas e outras nem tanto, sede de querer mais, ademais logo acostuma. Tenho pavor, e ao mesmo tempo confiança e uma fome insaciável de amor, de bem-querer. Entrego minha confiança, mas ela também é retirada facilmente. Não sei mentir, muito menos para agradar. Não te confiarei nada que eu pense que você não suportará. Não sou muito exigente, simplesmente simples, também cometo erros bobos, e às vezes sutilmente fujo. Corro para longe e ataco com minhas sujeiras e palavras de fogo. Não quer dizer que seja imaturo, tenho em mim uma eterna criança que lhe sorri, com minhas inseguranças banais, mas maduro o suficiente para reconhecer meus erros e consertá-los a ponto de tornar tudo tão seguro quanto uma fortaleza.

Sou tão profundo que me perco mas te entrego esse mapa para que você também não se perca para achar o tesouro que há dentro de mim. Vá com cuidado, coragem e disposição. Se essa for a sua vontade, mi casa su casa, relaxe, fique a vontade, mas se quiser me ter de verdade, com atitude siga as instruções e persista. Sem essa de sobreviver, vamos viver tudo que há para viver, de verdade e se entregar...entregarei meus pensamentos, minha torre vertebral que me sustenta, meus defeitos e minhas qualidades. Saiba utilizá-los a seu favor, e peço que trate eles com atenção. Tome cuidado comigo: sou um dragão que cospe palavras de fogo. Sou um dragão cansado de amar errado, então por favor, se depois de tudo isso ainda aceitar minhas partes erradas e tortas, peço que continue. Me conheça por inteiro, reconheça o mel e o espinho. Só não desista no meio do caminho, não você ao menos. Chega de buracos no peito. Se tiver disposição, enfrente. Em frente.

L.B

Wednesday, November 05, 2014

Um mundo de viagens

Pode ser longa
Ou curta
Aqui
Ou acolá
Na minha mente
Ou na esquina
A distância não se mede pelos números
Se mede na emoção
Que toca o coração
Sente na alma
Vibra os ossos
Queima a gente
Desnuda os olhos
Leva-nos sem pensar
Caminhando sem cansar
Até a hora de parar
A girar, o globo...
Ocular
Ou terrestre
O que importa é sair do lugar,
E desvendar os mistérios...
Acabar com os anseios
De sonhar...
Para realizar,
Sem sair do lugar
Ou a léguas daqui
Vi, vim e venci!
O meu próprio eu
Desconhecido
Cada vez mais conhecido
Pois as vezes você se encontra no meio do nada
E as vezes, no meio do nada, você se encontra!

Lucas Bertoldo