Friday, February 29, 2008

Malemolência pela magnólia



Eu optei pelo subterfúgio de te acometer

E tu fugiu do meu beijo subversivamente

Bem do jeito que eu gosto, arisca e carente

Díficil de se entregar, ou diriam fazida?

A arte de conquistar é o ínicio de um flerte

Alcançar o fim desejado saboreando aos poucos todos detalhes

Mínimos e submetidos ao melhor da lábia

Mas tratando-a como um relicário

Desatando seus segredos e subornando seus desejos

Abrindo e invocando suas vontades implícitas

Degustando teus sorrisos

Como uma taça de vinho ao brando da lareira

Pervertendo teu lado astuto contra a minha sagacidade

Tenaz com eloquência admiro-te magnólia

Uma flor rara e única

Exclusiva deste momento

Que não sai do meu anseio de te querer...

Deste único instante perdurado

Instantâneo e voraz

Como o efeito desatinado dos nossos corpos no tapete

Encontro-me bloqueado pelo teu cheiro

E tu abusa de mim como uma planta carnívora

Maliciosamente te devoro entre ávidos beijos

E acabamos nós a sós

Solenemente indivisíveis.


Lucas Bertoldo

Monday, February 25, 2008

Agressão valorosa

é o engodo
na caixa de correio em todo final de mês
e o final do bolso
é um soco no rosto de quem tenta encontrar um vintém
e percebe que todo o sentido se volta ao redor de uma nota de cem
sem mais nem menos
o que vale
é a qualidade inerente a um bem ou serviço que traduz o seu grau de utilidade
então, qual é o seu preço?


Lucas Bertoldo

Saturday, February 23, 2008

Utopia fictícia



Observador me deixei levar
Pelo espelho conservador
Onde ali brilhava-me na face desordenada
A dor do meu rosto calado
Revelado diante da cega verdade escondida diante dos fatos
Em que outrora só se via sorrisos em meus lábios
Divertidos programas divertosos que diriam, onde nada era o que parecia
A tv e suas fascinantes virtudes escondidas, que revelam aos momentos algo que sinto
Minha boca cessando um grito perdido no vácuo
Onde em meus olhos mora a noite escura em que meu choro fora abafado pelo riso incontido
Desabado no desatino
Onde mora minha alma ferida
A vida tão fascinante escondida
Em vidas tão normais reveladas
Perdidas de ousadias, tão radicais
Encontradas sem vida, tão conhecidas como um roteiro pré programado de todos os dias
Da ótica vendida como uma propaganda de um jornal
Mal percebida que imperceptível passa a ser natural
Roubar, matar, vender, tudo que seja concreto e real
Que nos leve o mais longe possível desse maquiavélico pesadelo cheio de aspiração
Aspirado de um ar contaminado que o mundo se tonrou
Cheio de maldade e bernicidas
Pra acalmar a sociedade corrosiva que come as vidas doentias que só pensam em trabalhar
Em se vender e nada viver a vida tão persuasiva
De uma enquete ou um clichê
De viver um jogo de dados onde o que vale é maior ou menor
E perder a sua velha opinião formada por qualquer desvaria podre e pobre
Dita pela utopia fictícia que manipula a sua vida
Formada sobre toda essa babaquice que existe e fica pairando nossas cabeças
Dessa lama que a gente engole e não faz nada
É o caos vigente como sinal de que algo está pra acontecer....


Lucas Bertoldo

Tuesday, February 19, 2008

A parte mais profunda do ser


deveras tem instinto
ele é forte
e sensível
tem personalidade
a parte
individualista
mas tão lobista
que só eu sei
mas se soubessem o que hei de fazer?
eu interpelo
e os revelo
como quero
e que seja
como queiram
que leiam
eu só escrevo
o que surge
que me vem
a mente
a parte mais profunda do ser!
da alma
viva...
o coração
âmbiguo...
do íntimo
profundo...
soturno
o âmago.

Lucas Bertoldo

Sunday, February 17, 2008

Uma clima doce por aqui



inebriado, em um clima de domingo
assim me sinto
desprovido de qualquer outro pensamento
a não ser o de estar contigo
nesse clima doce e arredio que penetra meus sentidos adiante, como um rompante eu nem ligo
só ligo e digo sim se ficar comigo saboreando esse gosto de domingo.

(sempre nos nossos pensamentos)


Lucas Bertoldo disdizendo que quase sempre final de domingo é uma bosta deprimente e fedida como a tv, o negócio é não ver e puxar a descarga.

Thursday, February 14, 2008

(Pensamentos canalhas de um país rechaçado)


O Brasil é uma puta virgem:
Já deu tudo o que tinha que dar, mas tudo ainda é novidade.

O Brasil é um velho tarado:


Se acha novo e moderno.
Mas vive duro tentando levantar.
Pra comer o sub, e terminar em desenvolvimento.
Estimulado, o velho tarado morre infartado.

O Brasil é fanfarrão:

Seus ladrões usurpam o povo, e o povo usurpado sai em marchinha de carnaval a fanfarriar.

O Brasil é impotente:

Quando ousa algo de bom, acaba cedendo fraco cagando nas calças e foge perdendo pro primeiro sabichão que sabe como não se mete o pé pelas mãos.

O Brasil é desigual:

E isso é tão mal visto que só sabem distinguir um pobre de um rico.
Só quem tem mais poder, ou mais ações.
A única coisa que tem valor, é o dinheiro.
Mais riqueza material e menos 'ignorância'.
Mas a pobreza é ser ignorante e não a riqueza intelectual.
Honestidade vale pouco, ludibriar vale mais.
Ai descobre-se que o defeito não tá na cor da pele.
E sim nas oportunidades...de pensar no que se deveria fazer e não é feito!
E como aqui rico acaba com pobre.
Pobre quer acabar sendo rico.
Logo os ricos choram de barriga cheia, e os pobres choram de barriga vazia.

O Brasil tem memória curta:

Vive de proveito do momento, e morre esquecendo o antecedente vão momento que o fez morrer descerebrado.

O Brasil deixa tudo pra última hora:

Se deu, deu...
Se não deu, se fode!

O Brasil forte é miope:

Parece forte, mas só de vista.
Mas não enxerga direito, por quê só se vêem os defeitos.

O Brasil fraco é charlatão:

Parece fraco, mas não é, só mal explorado.
Aí o povo de boa fé explora o fraco como quer.

O Brasil é um enfermo:

Achacado com o bolso vazio.
Nunca se recupera cheio de emplastro junto ao SUS.
Débilmente abandonado sempre mau governado agoniza mutilado pelas desmatações e extorções.
O Brasil tem futuro, mas tá em coma.

O Brasil vive de hipocrisia:

E não por falta de empatia de seu povo adorador.
Ou será falta de cachaça para não ver a broaca que se tornou?
Trabalha-se demais, e recebe-se de menos...
Desvalorizado e bêbado se vende fingindo ser um novo rico para pegar a Brigitte Bardot no exterior.

Lucas Bertoldo um visionário que aprecia o país mas que deprecia seu senso de humor.

Monday, February 11, 2008

Só um



sim...

meu!

tu quer?

tu é doida pela minha boca...

carnuda...

...bêbada louca

que te deseja...

...te deseja fornicar

de prazer...

...aos implacáveis tempos

em que tu não irás me ver...

...fico na tua memória

acaba o desabafo...

...e tu me dá um beijo









morda-se!!!!!!!

Lucas Bertoldo aproveitando um momento de duplo incesto poético.

Friday, February 08, 2008

O otimismo de um triste cínico



Sempre procurei caminhos
Me senti confuso e inseguro
Será que me transformei nessa insegurança toda
Ou sou louco, insano
A loucura também pode abrir meus olhos
Mostrar-me caminhos, alternativas
Luto muito contra a escuridão, que não me deixa enxergar o caminho
Tenho medo dela
Mas acredite, um dia fui amante da escuridão, como o sol é da luz
Não quero mais ser feliz, quero trazer felicidade, mas sei que é difícil, e você sabe disso...
Mas para que ter uma luz, quando muitas vezes ofusca meus olhos e continuo não vendo nada
Se a realidade retarda e muitas vezes agride, sem saber de quem ou por que
E o pior é que acordei
Pois acabei por sonhar que o jardim que havia no meio da floresta escura, fora contaminado pelas serpentes
A brisa suave toca meu triste rosto, que chora sem ao menos molhar os olhos
Olhos tristes ao se verem ávidos sedentos que vêem o que querem e o que não querem
O vento bagunça meus cabelos que chora calado, sozinho então
Tento escrever o que sinto, sinuosamente nas linhas vertentes que não param de ceder
Chega! Não consigo mais!
Pensar, escrever ou dormir
Não quero mais viver assim, como num pêndulo ao passar dos tempos
Pare o mundo que eu quero descer!
Sou louco, inseguro, confuso, mas não tenho medo de uma coisa
Da ignorância e brutalidade dos brutos
O otimismo de um triste cínico

Lucas Bertoldo