Friday, April 17, 2020

O velho e o moço



Quando se é criança você falou, ouviu ou pensou simplesmente em querer ser mais velho, e chegou  a fase que não se aguentava mais ser criança. ‘Como queria ser mais velho’. Ela tem relação com inúmeras faixas de idade e situações. Mas tem outra que é a da melhor idade. Quando ficamos sabendo que alguém morre, de velhice ou doenças incapacitantes, são pessoas próximas, mas quando fulano famoso morre, ‘por que meu Deus’... Acho que pela relação de amor e carinho que nutrem por alguém ao longo do tempo, elas pensam que  as pessoas não são eternas. E se começa a pensar assim lá quando criança. Essa ideia de depender de alguém, dos pais, do governo, do salário e de uma necessidade gregária de comprar e produzir. Só se questiona isso quando você fica ‘velho’, se aposenta e se torna uma empulhação para o sistema previdenciário não é... Mas quando você trabalha com esse público por um longo período você conhece a outra face da história, aquela que ninguém quer testemunhar, oras, quem é que quer ficar ‘velho’. Ninguém quer especialmente a ideia de se aproximar da morte. Mas quando éramos criança desejamos conscientemente isso não? E inconscientemente somos levados por esse caminho. O do desejo, do ego. E será que aquela ansiedade derradeira não seria uma forma de acelerar nosso tempo prematuramente o tanto quanto não aproveitamos o agora, e sim criamos um mundo a parte que nos leve ao ponto onde desejamos, num futuro que não sabemos se chegará, e criamos uma realidade para nós mesmos, construímos uma história com pessoas, seres e formas de nos conduzir até o nosso objetivo. Nesse contexto, algumas pessoas acham que deveríamos beber o elixir da fonte da juventude, sermos  embalsamados ou levar a mordida de um vampiro para viver além da eternidade? Já vejo múmias há tempos bem como vejo vampiros energéticos há horas, mas o que mais me chama atenção é o vitimismo da autopunição?  Continuar colocando a culpa nos outros e inconscientemente criando problemas sem necessidade nenhuma. Criar brigas, divisões, discussões, atritos, e nos desgastar entre si, sem gerar o questionamento ao ponto que nos levou até aqui... “Qual a sua responsabilidade na desordem da qual  você se queixa? Freud... ‘Tudo depende da importância que você dá...’ Algumas recebem muita ou pouca importância? Será que isso um dia não pode gerar um desequilíbrio na sua vida em um momento que você precisará? Nunca se pergunta o que é ou não necessário, a não ser as suas prioridades fisiológicas e questões habituais do ego que lhe tomam visões distorcidas. ‘Quem inventou essa droga de que essa é a melhor idade’ dizia a senhora de 75 anos que considerava-se mentalmente jovem mas presa a um corpo idoso que emocionalmente relutava com a ideia de envelhecer, parar, morrer, sentir dores, e inconscientemente culpar tudo e qualquer coisa por isso. Mas não é o ciclo da vida? Desde criança almejou envelhecer, e depois não quer mais isso? Faz parte do processo, herdar contas, responsabilidades, dificuldades, ou a vida seria um mar de rosas com arco íris, unicórnios e felicidade plena sempre? A terra do nunca pode ser idealizada em um sonho do seu subconsciente mas a lucidez da realidade é bem diferente, você tem que enfrentar monstros do passado em forma de nostalgia,  que te pregam peças emocionais se você deixar, e racionalmente bitolado com um presente que talvez não seja como você imaginou quando era jovem, e espiritualmente carregado de cansaço em pensar no futuro. Essa corrente energética de fluxo contínuo nos prende a uma forma de pensar que está impregnada dentre do ser, que ninguém consegue retirar, e nos mostra o quanto somos imperfeitos, e temos necessidade de continuar aprendendo e evoluindo, mesmo com todo esse egoísmo seletivo que cada um está possuindo, ante o coletivismo mútuo da empatia de partilhar sem necessidade de receber. Estamos muito acostumados a esperar algo em troca, pois aprendemos desde sempre que a dependência deveria ser necessária, e que ser independente é contra as regras fazendo  aquilo que não segue o script da vida? Afinal, ser ou não ser não era sempre a indagação? A resposta pode não vir através desta reflexão, mas espero poder ajudar a pensar no quanto somos responsáveis pelas nossas queixas já que criamos toda essa situação na qual estamos inseridos.


Eu vi uma criança chorando ao lado de um velho sorrindo, um dengo da criança que divertia o velho 
Eu também vi uma criança sorrindo ao lado de um velho chorando, a felicidade espontânea de tentar modificar o pranto de solidão e angústia que afligia o velho
Eu vi um velho chorar ao lado de uma criança sorrir, ironia de um desamor e falta de apreço da criança com o sentimento incompreensível
Pois pobre da criança pensou, não sabe que amanhã será o velho também


LcBertoldo

Wednesday, April 01, 2020

E pra você eu digo sim


Receber um não 
Pode se transformar em sim 
Por acreditar enfim,
Que mesmo sendo implícito 
Gostar 
Do sorriso
Boca e coração 
Faz do por que não 
Um dizer sim,
Para simplicidade 
Intensidade,  
Dedicando toda atenção 
E falar a verdade 
Em prol do bem comum...
Alcançar os sonhos 
Distintos, 
Mas ao mesmo tempo  
No destino,
Em que entrelaçados vamos 
Nesta destemida vida 
Que repentina a mente 
Nos atrai o ser 
E trás a tona 
A escolha 
De um bem querer 
Que da amizade
O amor eclode 
Mergulhando de cabeça  
Na vã sensação 
De se deixar
Levar 
Pelo melhor
Sentimento  
Do mundo 

LcBertoldo