Piedosa a arte de viver
Ressabiado ao sofrer
Com dores sem saber
De quem, pra que ou por quê?
Te digo e te intrigo
Até enlouquecer
Doidos varridos mexem comigo
Como ao balançar das árvores vão ao vento
Súbito, imponente e crepitante
Que faz voar
Como um pássaro
Sobrevoante, invariavelmente assobiante
Irrelevante o que há
Cruza o céu lindamente com as asas à bailar
Numa dança frenética que o faz gritar
Grito de dor, de amor, de ódio e de pavor
Sabe-se lá o porque ou de onde sereis
Mas desfrutar o fruto doce do pé
Realizar desejos, vontades e poréns
Fazer, querer e acontecer
Como um talvez
Sem ressentir do que se fez
Te faz alucinar, ganhar e perder
Te pergunto e te indago
Faz-te ao lance como um soco no ar
Vibrando por pensar daquilo que te faz sonhar
Ser, ver e sentir
Coisas estranhas
Sentimentos verdadeiros
Sensíveis como a flor
Com sede de orvalho pra se cheirar
Atrair abelhas e acasalar
Dormir e contrair
Todos os músculos como se fossem um
Fazer de um instante único, o máximo
Tirar de ti o limite linear
Que faz rodar
A roda gigante
Fluídos te embebedam num instante
Truques providos do instinto
Caminhar até cansar
Sem destino no mínimo
Sério, fascinante e corpuscular
Que te importa
Amar e ser amado
Viva e deixe morrer
Como uma borboleta que nasce e morre
Viajar e conhecer
Trabalhar e reconhecer
O seu motivo real de viver!
L.C.Bertoldo