Friday, April 17, 2015

Perspectiva da vida


Se a vida fosse fazer sentido para nós mesmos,
E mais ninguém...
A quem gostaria de impressionar?
Pois que falta sinto daqueles que não sentem o mesmo?
Pelas lentes dos meus olhos 
Vejo tudo diferente
Ouço notas que ninguém percebe...
Pois se viajar fosse de graça, ninguém me encontraria 
Faria amigos em todos continentes...
E seguiria a Deus dará 
Destinaria a minha vida aquilo que o acaso me acolher 
Bem como obtiver o que me oferecer
Pois só faz sentido,
Aquele que sente todo seu ser...
Conectado com o inesperado,
Ao amanhecer...
E nos sonhos do anoitecer,
Guardo lembranças do que vivi 
Para ter histórias a contar 
Daquilo que eu mesmo presenciar
E poder escrever 
O que sempre quiser dizer
Mas ninguém quis escutar...
Pois sou mais doar
Do que receber 

L.C.Bertoldo 

2 comments:

Gabriel said...
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Gabriel said...

Oi, Lucas! Tudo bem?

Li vários de teus poemas aqui. Me chamou a atenção o teu desprendimento das formas tradicionais e teu uso do verso livre, não necessariamente rimado, que dá leveza às palavras e desenvoltura ao discurso poético. Fico com a impressão de que simplesmente conseguiste dizer o que querias. Se a poesia serve para ti como uma terapia, eu teria pouco a acrescentar. Diria que algumas vezes te deixaste dominar pela sonoridade de algumas palavras, como no poema "Infinito sentido", em que a terceira estrofe "Antes mesmo de sentIR / Posso assentIR que, partIR / Faz com que Seja o Sentido do Ser! / Mais do que para sentIR o poder de IR". O som das letras em maiúsculo se repetiu muitas vezes, o que desgastou o efeito da rima. Muitos sons iguais acabam deixando também os versos todos iguais.
Acredito que devas gostar da poesia concretista. Alguns autores poderiam te inspirar. Penso em Haroldo de Campos e Augusto de Campos, e mesmo Ferreira Gullar. São poetas que usam uma linguagem simples pra fazer uma poesia que parece simples, como se tudo fosse fácil de dizer (ainda que a simplicidade seja um dos efeitos poéticos mais difíceis de se atingir). Penso também em Murilo Mendes, que tem todo um lado católico, místico e religioso.
Meus comentários ficam por aqui, se tua intenção principal com a poesia é fazer uma catarse por meio das palavras. Mas, se quiseres ir além e atingir com mais força o teu leitor, talvez fosse uma boa pensar em dar um tom mais objetivo a alguns versos, o que tornaria eles mais "marcantes". No "Perspectiva da vida", por exemplo, escreveste assim: "Pois só faz sentido, / Aquele que sente todo o seu ser... / Conectado com o inesperado, / Ao amanhecer...". O jogo entre fazer sentido e sentir ficou bom, mas faltou concretude. Não teve objetividade. Do meu ponto de vista, ficaria mais interessante substituir "todo o seu ser" por alguma metáfora que exprima esse sentido. O que é sentir todo o seu ser? Tu já sentiu isso? Como foi a experiência? O que percebeste pelos teus sentidos? Precisas "dar um corpo" a esses versos. Um jeito de fazer isso é usar palavras que evoquem sensações (físicas ou psíquicas) no teu leitor. É com nosso corpo que sentimos o mundo, é através de nosso sentidos que percebemos o que se convencionou chamar de "realidade". Os poetas simbolistas foram mestres dessa arte. Eles não só evocavam a sensação, mas também misturavam os sentidos que percebiam elas. Pensei agora nesses versos do Baudelaire: "Há aromas frescos como a carne dos infantes / Doces como o oboé, verdes como a campina, / E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes". Essa linguagem é meio careta para os nossos dias. Vai da tua criatividade e imaginação fazer algo mais atual. Há bem pouco tempo li uns versos que conseguem dizer muito: "Todas as mulheres que encontrei erguiam-se nos horizontes / Com os gestos lamentáveis e os olhares tristes dos semáforos sob a chuva..."
Visão... talvez seja o essencial a se pensar quando se escreve. A imagem bem sucedida se forma por si, pelo efeito das palavras e seus sentidos, pelos sons e pelo ritmo dos versos. A tua poesia, julgando pelos textos que pude ler no blog, é desprendida e leve. Mas para ser completamente livre é preciso ter os grilhões de onde se livrar. Quando se tem só espírito, a experiência da liberdade é uma coisa impossível. Ela só pode existir no momento em que se tem um corpo.

Espero não ter sido acadêmico demais ou pé no saco com essas críticas. Na verdade, gostei muito do teu convite para conhecer o blog e espero que continues escrevendo e, de preferência, postando teus textos aqui!

Abraços do Gabriel!