Fazia tempo que não há via. Nos cruzamos no supermercado. Achei que não ia me reconhecer. Acenei de longe, ela sorriu, e percebi que ruborizou, haja vista sua pele branca não pode esconder a satisfação em me ver. Coincidências a parte, não só o fato de termos estudado na mesma faculdade, e a princípio morar muito próximo um do outro, era uma vantagem para tudo que vivemos no passado viesse a tona como um arrepio quando me aproximei. Comentou que havia sumido pois estava fora do país, voltou por problemas de saúde com o pai. Relembramos muitos assuntos entre as gôndolas, demos risadas de situações em comum que nos levaram a se relacionar, mesmo que rapidamente uma mulher nunca esquece com quem perdeu a virgindade. Resolvi provocar e lembrar das nossas aventuras, e me surpreendeu pois disse que adorava e quando falei ela sorriu bastante mas ficou nervosa pelo fato da adrenalina de tantas loucuras, e no fundo sentia que ainda tinha vontade de continuar conversando. Usei do meu propósito de manter a forma física para uma consulta nutricional sobre meu IMC e o fato de não estar ganhando massa magra da forma que gostaria. Logo seus olhos brilharam por falar do seu lado profissional e me convidou para conhecer seu consultório para uma avaliação gratuita. Aceitei, afinal de graça até injeção na testa. Beijo de despedida e o canto da boca ficou próximo demais para não dizer que a vontade de beijar ficou evidente. Peguei seu contato e combinamos de se falar. Me recompus e fui para o lado dos produtos de limpeza, percebi que ela ficara sem graça ainda pelo encontro inusitado e foi ao lado das frutas. De longe me senti observado, quando mirei meus olhos ao vê-la entrecortada entre melões, laranjas e maçãs ela me fita e num ímpeto de impulsividade pega no cacho de bananas devagar como se me comesse com os olhos arranca uma banana e passa a língua pelos lábios, e trazendo-a junto ao corpo entre os seios, para o seu baixo ventre, então fechou os olhos inclinando a cabeça para trás em conluio com o prazer. Fico perplexo pela sua eloquência em pleno mercado e começo a bater palmas a distância pela sua surpreendente atuação. Ela mira o celular e me aponta. Um minuto depois ao abrir a mensagem: - também gosto assim, sem tirar nem pôr, mas se pudesse tirar e pôr, tirar e pôr infinitamente gostaria muito mais (risos). Olhei pra ela e sorri, ela rindo piscou e de longe me assoprou um beijo. Adorei. A diversão aliada ao prazer seria um sacrilégio bem vindo. Passada algumas horas combinamos no outro dia a avaliação.
Chegando lá. Abre a porta, ela de jaleco, cabelo preso e camisa. Sorrisos, cumprimentos, entrando, fecha a porta e ela me mostra o consultório todo novo. Suas decorações, o design feito pela amiga arquiteta, a influência européia, sua especialização em Madrid e muito engajada na profissional, me questiona sobre a orientação nutricional. E eu falo que na verdade era um pretexto para vê-la. E ela me diz, que não importa e que iria me avaliar. Colocando a caneta na boca pede para me despir e ficar só de cueca. Que se me comportar ganho o primeiro café da cafeteira nova dela da Nespresso. Ela lembrava o quanto eu gostava de café. Ela pede para subir na balança, anota, tira do bolso do jaleco o adipômetro, mede minha gordura, assente com a cabeça me rondando, puxa o estadiômetro conferindo com precisão números do IMC. Aí pede para virar pega a trena antropométrica e mede minha circunferência abdominal. Ao finalizar, parece que a profissional se esvai, abre os botões do jaleco e joga na cadeira, me elogia e diz que estou em forma. E pergunta, desenrolando o cabelo: latte macchiato, capuccino, expresso ou caramelo. Respondo expresso e ela pede para me sentar na cadeira dela, quer saber se acho confortável. Ao sentar, afirmo com a cabeça degustando o café enquanto me gira na cadeira ela se ajoelha na minha frente e fazendo sinal de silêncio com dedo em riste na boca eu olho para ela desgustando e parafraseando George Clooney: Hummmm, what else?
LcBertoldo
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