Wednesday, September 13, 2017

Naturalmente Artificial


  

  (Inspirada na música homônima da banda Tequila Baby)

Ela era perfeita. Eu admito. Ela tinha um potencial incrível. Mas não digo que ela era a perfeição plena, mas eu estudava ela. Sua simetria, seus traços, seus gestos e até tentava captar seus gostos. Ela parecia intocável, ou por ela mesma irretocável...mas sua beleza era redundante.

Não sei se era o único, mas eu admirava Rafaela. Ela era exótica e sensual, sexy e inexistente, um tipo de mulher que não se vê todo dia por aí não, ela era diferente e chamava atenção só por estar. Confesso que não gosto de loiras mais do que morenas, mas ela era uma loira natural e isso era sufocante sabe, ela tinha um 'Q' a mais. Um tipo de mulher que tu imagina um dia em alguma propaganda na TV ou em algum seriado americano. Ela ficaria linda de qualquer jeito. Ela poderia ser morena, ruiva, careca, colorida, mais ou menos branca, cabelo curto ou extremamente cabeluda tipo uma beata, mas mesmo assim ela continuaria assim leve e lívida só de olhar ao longe.

De perto ela riscava todos esses detalhes da minha vista, e os apagava com a boca. Sua boca...por quê? Pois é, sua boca era formidável, tinha linhas suaves mas produzia um sufoco no peito só de olhar, e quando entreaberta meus lábios fraquejavam só de expirar o suspiro inspirado pelos lábios dela.
Mas a perfeitção de Rafaela ia até o momento em que sua perfeição se tornava súbita e instântanea. Era o momento em que ela abria a boca. Era como uma pastilha efervecente para dor de cabeça, mas com algumas analogias vou elucidá-las:

Eu não teria a menor das dúvidas de que Rafaela efevercia qualquer pessoa com que ela entrasse em contato;

O intuito de efevercer com Rafaela povoaria a cabeça de qualquer um;

Porém ela tinha um efeito colateral grave. Ela causava dor de cabeça. Se por um lado efervecendo ela causava furor e aniquilava qualquer problema, por outro ela enfiava, como um furadeira em sua cabeça uma voz enjoada, manhosa, chatinha e cansativa. E para piorar a broca não era para entrar um prego, era para colocar uma bucha de 50 mm. Esse era o meu temor, e o temor fora-se confirmado. A perfeita simetria de Rafaela tinha um grave defeito: Ela era Naturalmente Artificial. (sic)

Natural: próprio, peculiar, nascido, orioundo, espontâneo, inato; Artificial: produzido pela arte ou pela indústria, fingido(a), artificialidade...

Ela era protagonista do maior ego masculino de bom senso: Ela era Natural...gostosa, linda e inteligente??? Inteligente mesmo? Um passo para a parceria constante e ela seria a mulher desejada da capa da Vogue, com uma langerie da Victoria Secret's e ela estava do seu lado e ela era tudo isso...épica!
Ou melhor diriam...Perfeita!?
Que contradição a minha não?
É de tanto olhar pra ela.  
Mas ela é inteligente mesmo??

Ah aparentava ser sabe, o básico para dizer que a inteligência dela é suficientemente aceitável aos padrões de beleza que ela produz como companhia ao seu lado, bem como a impressão de furor ávido que causa em um estilo único de se vestir, sempre formidável, cálida, mas um pouco feroz mas paciente se assim descoberta sua verdadeira 'índole', mas um tanto furtiva com pensamentos alheios que foram petrificados pela sua naturalidade...ahhh....que insanidade...ela faz os meu sonhos mas não o meu tipo, o que seria isso?

Mas como a perfeição para cada ser humano pode não ser a mesma, essa pode não ser só a minha e única versão de Rafaela...claro que não. Diria, bem, vejamos, hoje em dia praticamente tudo que é consumido é artificial, tudo praticamente, na minha vida é artificial, tudo que eu faço, tudo que eu sinto, até o meu amor pode ser artificial também??? Por que não?

Ela sempre diz que é natural, e que é melhor sempre ser assim, todos seus modos, todos seus atos, mas o seu amor é artificial também...........
Àquela então, que saltava aos olhos e meus ouvidos, era o que não deveria sair de sua boca: Eu sou Naturalmente....(vai uma cerveja ai?)

Rafaela em resumo era como a primeira cerveja gelada que se toma com muita vontade, dá-se o primeiro gole e não se quer parar.... 

Que dá prazer em beber, e te deixa afim de continuar bebendo, aquela da marca que você mais gosta, boa, gostosa, longelínea, desejada, apreciada, sempre, por toda noite, como um engradado inteirinho de possibilidades, assim, bem natural, e nada artificial, mas que te dá um puta dor de cabeça, ah dá, de um jeito ou de outro. Infelizmente eu não vou querer descobrir,  por mais que Rafaela seja 'perfeita', mas não natural, assim artificial, ela é natural e não perfeita, mas artificial por assim ser ou por ter-se assim moldada. Podia ser diferente, mas é um caso sem explicação, e ainda não sei por que eu tento insistir em explicar, glub, glub, glub! aaaaaaaaaahhhhhhhhhhh...então vamos lá, aonde paramos mesmo??  

LcBertoldo

No comments: