Sunday, January 22, 2017

Alemoa


Alguém me disse que 'Ich bin aus Deutschland' eu sou da Alemanha. E desde que eu conheci a Larissa, eu era mesmo.
Que alemoazinha mais linda, estilosa e cobiçada, digo por mim desde que a vi. Vestido preto, loura, olhos claros, pele branca, sorriso largo e simpática, eu disse bem humorada? Não, mas seria mais um adjetivo para tais quais não teria tempo de cumprir e descrever, e seria assim como tentar personificar um evento do qual você está e não quer parar de continuar a ver, você termina, volta no tempo e recomeça, rebobina, reinicia, retorna, e não importa sabe, se tudo for do mesmo jeito que foi, sem problemas, e se for para mudar, que seja de roupa.
Não venham me perguntar como ela veio parar aqui. Deve ter sido por um meio mais 'moderno' que nossos antepassados. (Perdão mas usarei um clichê agora) Ela estava ali tão perto e tão longe ao mesmo tempo...
Tomei um gole de gin tônica para ver se me encorajava. Um gole é pouco. Não venham me perguntar por que nós precisamos de uma boa dose de álcool no sangue para nos encorajarmos...
Não que eu precise disso sabe, mas tem gente que fuma, tem gente que come chocolate, tem gente que se arruma em 10 minutos e outros levam 1 hora...
Tem gente que usa e não fala, então resolvi tomar uma cervejinha para descontrair e falar. Quero dizer escrever e mais duas para continuar.
É pouco. Pedi um uísque. Já era meia-noite. Ascendi um cigarro que guardava para emergências. Um cara estava 'trovando-a'.
Ela riu. Eu não estava gostando das longas frases que ela falava no ouvido do cara. Pedi uma tequila. Ah vai um submarino amarelo mesmo. (dose de steinhäger a um copo ou caneco de chope. Esta bebida tem origem no costume do imigrante alemão de tomar as duas bebidas simultaneamente mas não misturadas. Em diversas regiões do Brasil, encontram-se outras variantes nas quais o steinhäger é substituído por outra bebida destilada como a cachaça, tequila ou vodca).
Agora sim estava 'alegre'. Não poderia fazer feio. A única coisa favorável a mim era o fato de eu saber seu nome. Eu sabia falar um pouco de alemão também. Talvez seja um alemão meio gringo, meio aportuguesado, na verdade eu falo esse dialeto que os colonos falam e dou uma incrementada que aprendi assistindo documentários sobre Auschwitz.
Por isso eu digo menores são os seus problemas, pior é a guerra. Devo estar bêbado, divagando sobre outro assunto já...
Mas voltando ao que interessa, o meu alemão deve dar pro gasto. Droga, por que não comprei um Wolks?
Fui ao banheiro. Voltei. Vi os dois se divertindo, e me perguntando por que não era eu ali, ao invés dele...
Tomei mais um submarino, para assim quem sabe passar despercebido pela situação que me encontrava, ali, estava linda, a guria que eu tanto cobiçava, e ela estava com alguém eu sentia, que não era para ser sabe, faltava o encaixe... então ao último gole toco e me voi... Ops, essa não desceu muito bem. Fiquei ali, entorpecido, travado, nada mais fazia sentido e a música me doía o ouvido. Ela chegou no bar e pediu uma coca. Eu pedi um uísque duplo com gelo para impressionar. Eu jurei que ela ia me reconhecer.
Acenei com o copo, ela tomou um gole da coca e sorriu. Não segurei, e vomitei nos seus pés. Bom, agora ela me conhecia.
Entschuldingung, Larissa! Corri para seus pés com um lenço limpando desesperadamente. Ela meio que sorriu de canto de boca.
Ah, e que boca... Hey, não se preocupa, nem sujou muito, tu fala alemão? Como sabe meu nome?
Bem, nem sei por onde começar, depois de tamanha vergonha, me perdoe, mas eu sei mais coisas que imagina (visivelmente nervoso) no caso nem por isso ousaria dizer que te conheço, na verdade te sigo no instagram, e sou um admirador dos seus frames. Olha ele hein... Como iria imaginar que um seguidor meu, iria vomitar nos meus pés, para então, saber que não sei nada de alemão! Hahahahaha (rimos juntos)
Prazer, Pedro. Prazer, Lari... ah, tu sabe meu nome né?
Pois então, posso te chamar de Lari?
É só para os íntimos vai...
Bom depois desse papelão e vomitar nos teus pés, acho que adquirimos uma intimidade né?
Um sorriso amarelo, seguido de uma risada e ela sorrira também, pois bem, estava agradando apesar dos pesares.
Posso retribuir de alguma forma o ato vergonhoso que acabei de cometer? Pode me mandar o seu contato a fim de limpar devidamente sua roupa e sapatos? Ela olhou pensativa e emendou: - Tá certo, anota aí, você foi muito educado...
Então, assim estabeleci a conexão de conhecê-la não somente virtualmente, e a transportei para o mundo real, onde assumidamente me envergonhei para poder conhecê-la, mas não digo que isso foi um erro não, apenas um desvio de rota para colidir com alguém que há tempo eu sigo (shhhhhhh) ela não pode saber, mas devidamente comentado, agora ela sabe.
Alguns dias depois...
Consegui encontra-la e limpar adequadamente o que havia sujado erroneamente, passei para a próxima etapa, e marquei um encontro.
Ufa, finalmente, agora vou aprimorar o alemão para impressionar!
Logo no dia, me encontrei desprevenido sem carro, ela foi me buscar, e radiante estava diante de alguém tão distante, mas agora, tão perto, acabei descobrindo que morávamos tão perto, que éramos quase vizinhos, então, depois de alguns drinks, risadas, coincidências mil, desculpas aceitas, me senti perdoado, e encantado por alguém tão doce, confortável, feliz, realizada com os mesmos desejos que com os meus colidiram diante de uma chuva de meteoros em uma noite estrelada.
Senti-me realizado, extasiado, por estar e ser alguém, que pudesse estar junto de alguém tão especial, momentaneamente sem ela saber, ou sentia como eu que ser ou não ser era a questão?
Pois então, depois de muitas verdades reveladas, me senti imbuído a testar minha capacidade de 'approach' (aproximação) e descobrira ao tentar falar sua 'suposta' língua, que ela gostava mesmo era de inglês, aonde tinha estado recentemente para estudar.
Então desandamos a falar inglês e rir sem parar de situações inusitadas que a conexão do destino, de nada é por acaso, fez acontecer, um encontro improvável.
Pois estava lá eu, agora 'estável' me aproximando, e beijando-a. Nesse momento, se estabelecem conexões além da aparência, e a reciprocidade momentânea, que no caso, onde você está conhecendo a pessoa, ser ou não ser, não é mais a questão, você é ou não é, não há meio termo.
Sim ou não, sem não sei! E nessa hora a gente descobre que muitas coisas que até então podem ser distantes, ficam tão perto e tão boas, que se melhorar estraga sabe? Nesse enredo e roteiro intensamente contado, fomos levados ao seu apartamento. Papo vai, vinho vem, música vai, beijo vem. Sofá vai, e cá estamos abraçados, refestelados, entrelaçados em um tecido tão gostoso quanto sua pele e seu cabelo... difícil reconhecer qual seria a melhor parte.
Eu digo, melhor de 5 rounds, valendo cinturão. Título mundial. Jazz rolando, 10 minutos cada. E em 3 rounds. Nocaute! Inteligência e bom humor são afrodisíacos. II Pausa II para o banho, play > e no quarto assalto entendia o por que Adélia Prado disse: ‘erótica é a alma’. Enganam-se aqueles que pensam que erótico é o corpo. O corpo só é erótico pelos mundos que andam nele. O erotismo não caminha segundo as direções da carne. Ela vive nos interstícios das palavras. Não existe amor que resista a um corpo vazio de fantasias. Um corpo vazio de fantasias é um instrumento mudo, do qual não sai melodia alguma. E a vida sem música é cinza. E no quinto assalto já ouvia o soar do gongo, tínhamos um veredicto...
Posso estar sonhando, um sonho multicolorido, mas não me acorde por favor, coloque a soneca mil vezes e quero poder recomeçar, rebobinar, reiniciar e retornar todos os dias para esse momento, subir correndo as escadas, e levantar os braços cantando vitória diante das situações da vida, rindo dos problemas, abraçando o amor, e sendo feliz por todo o resto dos dias por me sentir o verdadeiro campeão, mas quem ganha é sempre ela!

LCBertoldo

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